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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O ESPELHO DO SÉCULO XXI

A superfície da água gerou o primeiro desejo humano de se auto perceber. A água gera um espelho aparente. Os primeiros fragmentos de tentativas do humano de se auto perceber, se reporta a idade antiga. Tanto no Egito quanto na Mesopotâmia, hoje Iraque, já existiam na época espelhos em peça de cobre. 
Isso a 5000 antes de cristo. 
Os espelhos do antigo Egito eram fabricados com placas de bronze e cobre polido. Eram arredondados e suportados por um cabo geralmente feito com um material diferente, alguns cabos desses ricamente decorados. Não apresentavam a imagem nítida como hoje.

Existem registros escritos na Bíblia sobre a existência de espelhos de metal, isso no livro Êxodo.

Os espelhos etrucos e gregos eram muitas vezes ricamente gravado com figuras e cheios de figurativas na parte de trás. Com alças auxiliando como ponto de apoio.

Nesta época continuavam como artigo de luxo. Propriedade de reis e autoridades do poder.

No entanto, os primeiros espelhos de vidros, mais próximos do que temos hoje, apareceram no início do século XIV. Foi criado por artesãos de Veneza. Era uma mistura de estanho e mercúrio, aplicado em um copo raso. Importante destacar que além de muito caros, a sua fabricação tendo em vista que artesãos ficavam em contato direto com mercúrio, gerava graves contaminações para estes.

Espelhos venezianos eram famosos por método e qualidade e fabricação, métodos esses que eram mantidos em segredo. 

Por ser de alto custo, continuavam nesta época sendo propriedade de poucos.

Porém foi apenas no século XIX, em 1835, que um químico alemão chamado Justus Von Liebig, que conseguiu criar o ESPELHO no formato que temos hoje. Sendo feito da mistura de nitrato de prata.

A nova técnica gerou espelhos mais seguros, simples e EFETIVAMENTE BARATOS, transformando o aparato um estímulo ao EU. Passando a ser utilizado a partir daí de forma massiva.

Só mesmo, no final do século XIX, é que o artigo que antes era produto de luxo, passa a ser um equipamento de fácil uso e de acesso a uma grande parcela da população.

Ou seja, é só em meados do século XIX que passa a existir na humanidade, um culto a beleza de forma coletiva.

É como se antes, cultuar o belo interno a cada ser, fosse direito apenas de uma parcela pequena da espécie humana.

Importante resgatar a origem do mito da beleza, já atentado pelos gregos, na sua mitologia, quando relata a existência do NARCISO.

A origem do mito é muito antiga, compartilhada pelos indo-europeus e relacionada a lenda de outros povos, como os zulus, segundo os quais o reflexo representa a “alma, que é roubada por bestas da água."

O espelho como aparato popular só se efetiva a pouco tempo atrás.

Só no século XIX, isto quer dizer que esta dimensão do belo para a ser parte da nossa condição humana de forma coletiva, tem bem pouco tempo e tal fato vai gerando a efetivação da vaidade humana recentemente.

O belo no olhar de si mesmo de forma coletiva é algo novo.

Trouxe esse resgate do espelho para comparar com outro espelho que hoje tem sido comum e popularizado mundialmente, que são as nossas aparições nas postagens via internet.

São postagens de variadas formas, que vai desde uma foto; uma fala em forma de áudio; uma mensagem escrita, até vídeos que nos apresentam para o mundo.

E como se estivessem querendo nos apresentar para o outro.

E assim avaliamos curtidas. Observamos quantas visualizações. Buscamos saber quem interage com a postagem.

Existe até a figura de quem influencia mais quem. E quantos seguem o outro. 

Na verdade pensamos que estamos nos apresentando para os outros, no entanto, estamos nos olhando neste espelho que encontramos na internet.

É para este espelho que busco olhar.

Quero me ver e ao ver o outro me vendo, me sinto me vendo.

Esta é uma nova realidade para a reafirmação do humano.

É um novo espelho.

Este olhar antes se efetivava em parcela pequena daqueles que estreavam em programas de rádio, filmes na TV e no cinema.

No entanto, com o advento da internet e o uso de tecnologias com aparelhos celulares que possibilitam a criação de vídeos, mensagens, áudios e uso diverso da imagem e do som do ser, gerou uma nova fase de interação do humano com seu eu.

Ocorreu uma massificação deste novo espelho.

É como se o reflexo que se apresenta nas postagens da internet (vídeos, mensagens escritas e áudios) fossem imagens retiradas de nós mesmos e possuídas por um outro ser que está dentro de nós mesmos e não sabíamos. Ao nos ver, nos descobrimos. E postamos não para o outro ver, mas para ver o outro nos vendo.

Porque é prazeroso nos ver assim.

É UMA NOVA FASE DA VAIDADE HUMANA. UMA NOVA FORMA DE ESPELHO.

João Marques 

Professor de História do ensino fundamental II

Macaiba  / RN.

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