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quarta-feira, 1 de maio de 2024

MACAÍBA JÁ FOI DE LUTAS !!!!

Na manhã deste 01 de maio do corrente ano, por volta das 10 h, visitei o centro da cidade de Macaíba. Muitas empresas comerciais fechadas. Alguns ambulantes ainda resistindo ao suposto feriado burguês e ruas querendo ficar desertas.

Passou um filme em minha mente.

Nele me via no ano de 1986, também pela manhã, quase 10 h da manhã e caminhava juntamente com uma média de 150 trabalhadores/as pelas principais ruas da cidade. Cartazes.

Faixas.

Charanga pequena.

Um carro de som meio deficiente mais ensurdecedor gritava TRABALHADORES UNÍ-VOS.

Era forte aquela cena. Principalmente para uma Macaíba ainda dominada por oligarquia e controlada pelo coronelismo.

Quase parei em frente a praça ao lembrar desta cena.

Ocorreu sim, em 1986, organizado tal protesto em homenagem aos trabalhadores assassinados por lutarem por redução da jornada de trabalho, a um século antes. Em 1886.

Foi divino aquele dia.

Com apoio do padre da cidade, Padre José Amorim, uma comissão de jovens, membros dos trabalhos da pastoral social da Igreja Católica, realizou aquele ato. Nos anos seguintes ocorreram ainda outros atos semelhantes e também coordenado pela pastoral social da Igreja Católica na época.

Mas foram só estes. Com a morte do Padre Amorim e o afastamento da comissão dos trabalhos sociais, os atos foram diminuindo.

Mas ocorreram e possuíram um significado muito forte na luta dos trabalhadores de Macaíba.

Naquela época, idos de 1980, não existia sindicatos fortes. Nem sócios de sindicatos existiam. O único com algum papel significativo era o SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS, que pouco se articulava a esquerda na cidade.

Diferente de hoje, onde existem muitos sindicatos representativos de trabalhadores e trabalhadoras.

Mais como justificar que há 38 anos atrás, um grupo de jovens com apoio de um padre realizou tal ato e hoje, com tantos sindicatos, partidos de esquerda e grupos sociais, não existem mais tais atos?

Importante fazer o resgate histórico:

A data de 01 de maio, dia do trabalhador, foi uma homenagem aos Mártires de Chicago, cinco líderes operários, de corrente sindicalista anarquista, que foram executados nos Estados Unidos por participarem dos protestos no dia 01 de maio de 1886, onde a principal bandeira defendida era a redução da jornada de trabalho. A “segunda internacional”, grupo defensor do socialismo foi o primeiro grupo social no mundo a defender que este dia fosse lembrado como dia de luta. Inclusive com protestos e greves.

Detalhe: O poder burguês se apropriou da ideia, apagou a história e tornou tal dia feriado.

Aquele grupo de jovens, que há 38 anos atrás realizou aqui em Macaíba o primeiro PRIMEIRO DE MAIO DE MACAÍBA, buscava justamente reafirmar a história defendida pela SEGUNDA INTERNACIONAL.

Hoje mesmo existindo partidos de esquerda na cidade e sindicatos fortes, tal ato não aconteceu.

Como explicar tal ausência neste debate?

Claro que justificar a inexistência desses atos pelo simples fato da compreensão histórica atual das pessoas, individualizando a culpa, é negar ao processo histórico seu papel de transformação e mobilização. O tempo e a história nos envolvem e deflagram vez por outra, nossos atos. E como se fossem empurrados. Jogados no meio da luta.

Hoje infelizmente, tal corrente que nos impulsionaria para luta é fraca. Meio que pequena.

E como reagir?

Estudar a história da classe trabalhadora. Buscar consciência de classe e entender que a luta de classes ainda nos determina. Ora revolucionários, ora apenas dominados.


João Marques Lino da Silva

Membro da COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DE MACAÍBA

2 comentários:

  1. É amigo, sua narrativa nos faz refletir, _ o que fizemos foi pouco, mas estamos aqui relembrando porque fizemos. Em um futuro não tão distante, se nada fizemos nada agora, o que teremos pra lembrar?
    Glória Bezerra

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  2. Mas à luta continua amigo .

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