sábado, 31 de outubro de 2020

DIGA NÃO AO VEREADOR “OFFICE BOY” DO PREFEITO

Observando as últimas campanhas eleitorais observa-se cada vez mais o crescimento e a influência do poder econômico nas campanhas eleitorais em todo Brasil.

Aqui na cidade de Macaíba não é diferente. Concordam?

Por isso, nesta semana resolvemos dialogar sobre esse tema, porém com foco no parlamento municipal.                                   

Conhecido como um dos três poderes que constitui a organização do Estado em suas esferas de governo, o parlamento é considerado a casa do povo, entre outras razões, por assegurar o maior número de representatividade e toda pluralidade existente na sociedade.

Pois bem, mas será que é assim que acontece na vida real?

A Câmara Municipal de Macaíba tem 15  vereadores, foram legitimamente eleitos  pelo voto direto e secreto, mas independente de sua origem social, a maioria contou com significativa estrutura para tocar sua campanha.

Até aqui não há problemas, até porque a legislação eleitoral permite, o que  estamos tratando aqui é da imensa desigualdade de condição para chegada ao Palácio Augusto Severo (Câmara Municipal).

Destaca-se que a influência do poder econômico nas campanhas e as velhas e surradas praticas clientelistas, fato que ainda persiste, além da compreensão de uma parcela do eleitorado que negligencia o voto para vereador como instrumento de transformação de sua cidade, mas entende que é  puro e simplesmente uma relação de compra e venda.

O voto como uma mercadoria.

Mas o que leva uma grande parte da população entender o voto para vereador de uma maneira tão desqualificada ao ponto de negociar e colocar em risco o seu futuro?

Talvez por não saber para que serve um vereador, tampouco o papel do parlamento na vida da população.

Será que essa desconexão, entre câmara de vereadores e a população, ocorre devido ao não entendimento que entre os poderes da república, o parlamento seria o maior espaço de representação da sociedade, justamente por sua pluralidade de pensamentos?

Uma das respostas reside no nascimento da própria república brasileira, uma república feita a base das baionetas, sem que o povo tivesse participação.

Portanto, isso poderia ser ainda insuficiente para explicar esse distanciamento histórico.

Podemos também perceber que ao longo da história do parlamento não foram criadas ações que fortalecessem uma maior participação direta do cidadão em tribunas populares, plebiscito, referendo e projetos de lei de iniciativa popular, audiências públicas e demais mecanismos de participação direta da população tendo tal ausência a determinante que pode ser um reflexo claro de como se estruturou a nossa república.

O que se pode  constatar,  a partir dessas reflexões, é que nas eleições mais recentes, o uso cada vez mais frequente do marketing político que apresenta o candidato como pop estar, o uso das mídias sociais e a profissionalização das campanhas eleitorais,  onde recursos econômicos e tecnológicos se sobrepõe, as plataformas de campanha e o compromisso dos candidatos com as classes sociais menos favorecidas da população, tais como são utilizados,  fragiliza e captura a democracia, cria-se um abismo entre a casa legislativa e a população, dificulta cada vez mais a presença dos representantes das categorias sociais, historicamente excluídas dos espaços de representação e tomada de decisão nesses espaços de relação de poder, especialmente,  da nossa jovem democracia brasileira.

Diante disso, a partir dos investimentos realizados por candidatos que trata o processo eleitoral como um empreendimento, nascem os aproveitadores do erário publico. Submetidos a interesses meramente corporativistas, como diz um fragmento da nossa musica popular brasileira, comprometidos com a  “força da grana que ergue e destrói coisas belas.”

Não é raro, uma vez eleitos, esses parlamentares  se autodefinirem como representantes dos grupos que  financiaram sua campanha.É importante lembrar “A Bancada de boi, Bancada da bala” no congresso nacional. Sem que tenha que corresponder o anseio popular e dar satisfação o eleitorado que  o elegeu.

Voltando para o nosso município, é possível afirmar que do ponto de vista da representatividade, observamos cada perfil de legislatura, poucas mudanças ocorreram na composição e no comportamento dos legisladores, é notória a  ausência, do sujeito político vocacionado,  definido por um pensador das ciências sociais, como “aquele que vive para a política”. Um  tipo ideal no âmbito de atributos do político vocacionado. Sua conduta poderia está voltada para outros tipos de satisfação e não teriam como prioridade a busca por recompensas financeiras em decorrência de ter a compreensão da política como  profissão.

Notadamente,  a mercantilização do processo eleitoral e a banalização do voto,  tornou-se uma barreira quase intransponível para aqueles que atuam e se propõe a  defender projetos de causa coletiva, dos grupos menos favorecidos e quando se trata de bandeiras , de grupos étnicos, diversidade religiosa, gênero e bandeiras da diversidade, a dificuldade se impõe de maneira ainda forte.

Nesse sentido, é necessário compreender a função do parlamentar e a importância do parlamento. Assim, a população poderia rever sua forma de proceder, quando se tratar de escolher seus vereadores, ao mesmo tempo,  mudar o perfil do parlamento, é preciso uma casa legislativa plural, tal como é a sociedade.

Caro eleitor, aquele candidato que trata campanha eleitoral como empreendimento empresarial e acredita que seu voto é um produto de compra e venda. Não respeita a democracia e não tem compromisso com a gestão publica. Vale lembrar que não existe almoço grátis, esse/a sujeito/a se eleito/a vai cobrar a conta e consequentemente sairá do suor da classe trabalhadora da nossa cidade.

O vereador não pode ser  um “Office boy” de prefeito, ou de quem quer que seja, seu dever é com a população.

O candidato a vereador sem compromisso social, de caráter fisiológico, mesmo nos dias atuais, nos faz lembrar uma terrível frase atribuída ao Alemão  Otto Von Bismarck (1815-1898), “quanto menos o povo souber como são feitas as salsichas e as leis, mais tranquilo dormirá”.

Por fim, é preciso superar essa concepção e observar o parlamento como espaço dos diversos segmentos sociais e participação popular em buscar do bem-estar da coletividade.

A Câmara dos vereadores deverá ser o espaço dos grandes debates, democrático, plural  e propositivo para atender em sintonia com o que a população para saber quais são mudanças e as demandas desejadas pela maioria dos cidadãos.

É preciso vereadores que sejam comprometidos com a função que a sociedade nele confiou e espera iniciativas verdadeiramente republicanas.

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